O Prefeito de Valinhos, Orestes Previtale (PSB), concedeu uma entrevista ao semanário Terceira Visão, em sua edição do sábado (31/08), na qual aborda as principais questões do seu governo, no momento em que caminha para a conclusão do seu terceiro ano.
Perguntado sobre as eleições de 2020 e se manterá como companheira de chapa a vice-prefeita Lais Helena, o prefeito se esquivou e afirmou que “candidatura à reeleição é uma prerrogativa dada pela lei ao prefeito, mas eu penso que ainda estamos distantes da eleição de 2020 e o objetivo hoje é fazer o melhor governo para Valinhos.”
A pergunta do jornal reflete as especulações de que Lais Helena daria vaga a um candidato do PSDB, partido que passou a integrar o governo de Orestes Previtale com a nomeação do ex-vereador Rodrigo Popó (PSDB) para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, além de outros cargos comissionados.
Veja na íntegra a entrevista publicada no Jornal Terceira Visão:
Quando o senhor começou a gestão, qual era o maior desafio e por quê?
Eram dois desafios muito grandes. Colocar as contas em dia e lidar com problemas deixados para trás por meus antecessores, como por exemplo a falta de remédios e a dívida de 18 milhões com a empresa que coleta o lixo na cidade. Mas havia uma série de outros desafios que tiveram que ser superados, e muitos que ainda estamos na fase de serem superados.
Qual panorama da educação em Valinhos?
A Educação em Valinhos tem uma avaliação muito positiva do IDEB, que é um indicador confiável, e que coloca Valinhos em destaque. Muitas das metas previstas para 2021 já foram atingidas em 2019. Além disso, temos investido em capacitação de professores e teremos o lançamento nos próximos dias de um polo da Univesp, que é a Universidade Virtual do Estado de São Paulo, vinculada a importantes centros educacionais públicos como a USP, a Unicamp e a Unesp. Em breve vamos divulgar os cursos e a quantidade de vagas que vamos oferecer em Valinhos. Sem falar do grande número de alunos da rede pública que tem se destacado em olimpíadas de conhecimento pelo país afora.
Qual é a sua avaliação referente ao transporte público de Valinhos?
O transporte coletivo de Valinhos é avaliado como o melhor e mais confortável da Região Metropolitana de Campinas. Nossos ônibus possuem ar-condicionado e internet, além de serem acessíveis e possuírem monitoramento por câmeras.
Quais projetos a Prefeitura de Valinhos tem para o próximo ano?
Vamos manter o ritmo acelerado de ações por toda a cidade e tentar fazer de Valinhos um lugar cada vez melhor para viver.
Valinhos cresceu bastante e está recebendo vários empreendimentos residenciais e comerciais, quais desafios a Prefeitura enfrentará com estes investimentos na cidade?
A cidade tem crescido e se desenvolvido e é natural que atraia investimentos. A Prefeitura tem dado todo suporte para as empresas que nos procuram para investir na cidade e também tem feito a sua parte na hora de fiscalizar e cobrar essas empresas de sua parte na equação. Tentamos trabalhar em busca de equilíbrio entre essas duas situações.
Qual o balanço o Senhor faz da sua gestão até o momento?
Tem sido um período de trabalho muito intenso, mas a avaliação é positiva dentro daquilo que é possível a gente resolver. Temos um governo responsável, que tem pouco recurso para investir, mas que zela pela transparência e pelo respeito ao dinheiro público e ao Município. Tenho ciência de que há muito a ser feito, mas acredito que estamos no caminho certo.
Quais são as prioridades para melhorar a saúde em Valinhos?
A Saúde em Valinhos hoje está melhor do que nos anos anteriores. Esse processo de melhoria tem que ser contínuo, como eu costumo dizer, a demanda da Saúde não tem fim. Inauguramos duas UBSs novas, inauguramos uma nova sede da Farmácia Central e estamos descentralizando o CEV, com o CEV dois, já aberto, e o CEV três, que entregaremos ainda este ano. Não falta remédio que é de obrigação da Prefeitura na rede. Estamos contratando mais médicos para reduzir as filas de atendimento das especialidades, reformamos a UPA, a UBS Pinheiros, Reforma Agrária e São Bento. A Santa Casa hoje recebe mais de R$ 21 milhões por ano da Prefeitura para atendimentos pelo SUS e está conseguindo colocar a sua casa em ordem com essa garantia de recursos. Mas o desafio é gigante, com a crise muita gente perdeu planos de saúde e passou a buscar o atendimento público, o que provocou aumento na demanda do setor. Sem falar que a nossa UPA, por exemplo, é uma referência regional de atendimento e recebe hoje perto de 40% de todos os seus pacientes vindos de outras cidades, especialmente Campinas. NO último quadrimestre de 2018 foram 30 mil atendimentos na UPA, contra quase 56 mil no primeiro quadrimestre de 2019. Trabalhando com o mesmo orçamento, com o mesmo número de profissionais.
Como pretende zerar as filas de exames e cirurgias eletivas do município?
Esperamos reduzir esse cenário contratando mais médicos, com o concurso que já aconteceu, e descentralizando o atendimento no CEV, com mais duas unidades, além do aplicativo para marcação de consultas on-line. Esse aplicativo, além de facilitar a vida do usuário, permite reduzir as faltas dos pacientes nas consultas, que superam os 30% e causam um grande transtorno para a rede. Imagine que esses 30% poderiam estar agendados com pessoas que realmente iriam aparecer para ver o médico, seria um ganho para o Município e para a população.
No plano econômico, como o Senhor vê o futuro do Município?
Valinhos tem hoje uma situação financeira equacionada no que se refere à dívida de curto prazo. Isso graças a um trabalho muito pesado que fizemos em todas as áreas, cortando despesas, reavaliando contratos. Tivemos que ter mão de ferro para passar por isso. Tive que dizer muitas vezes a palavra “não”, o que acaba refletindo de forma negativa na imagem do prefeito em alguns casos, mas sempre com objetivo de fazer o que é melhor para a cidade em que a gente vive. Quem entende um pouco de economia, de finanças, sabe o que eu estou dizendo e reconhece a importância desse trabalho espinhoso para o futuro da nossa cidade.
Muito tem se falado da dívida da Prefeitura. Objetivamente, qual é o verdadeiro montante da dívida, descontando financiamentos que a Prefeitura paga? E em termos administrativos, como vê a atual situação do município?
Temos a dívida consolidada, que é aquela famosa dívida do século, que está acima dos 500 milhões de reais e que na minha opinião é uma dívida impagável. Hoje pagamos apenas juros dessa dívida, mas por força de uma liminar que nos dá esse direito. Se essa liminar for cassada teremos problemas, e isso pode acontecer a qualquer momento. Quanto à dívida de curto prazo, que era de 179 milhões quando eu assumi, essa está equacionada.
O Caged do Ministério do Trabalho registrou queda nos índices de emprego em Valinhos nos últimos anos. Além disso, Valinhos vem perdendo empresas geradoras de postos de trabalho, muito importantes para nossa economia. Isso é o resultado da economia nacional, ou é possível reverter essa tendência em termos locais?
Em 2017 tivemos destaque na geração de empregos, ficando se não me engano em segundo lugar na região metropolitana. Mas a realidade nacional é de desemprego, e Valinhos não consegue escapar disso. Embora tenha menos reflexos do que muitas cidades. Estamos apostando que a reforma da Previdência vai colocar o País de volta ao caminho do crescimento e com isso acredito que teremos mais empregos em todas as cidades. Enquanto isso não acontece, estamos trabalhando para atrair empresas e fortalecer as que aqui estão.
Quais são os incentivos para que novas empresas se instalem no município? O aumento da geração de emprego e renda com o fortalecimento das empresas depende basicamente do que para se concretizar?
Hoje os municípios não conseguem oferecer vantagens para atrair empresas como antes, com benefícios fiscais, por exemplo, que são considerados ilegais. Nossa principal força de atração é oferecer o que a nossa região tem de bom, como a facilidade de logística, a mão de obra qualificada e a proximidade com grandes centros produtores e um mercado consumidor muito forte. Além disso, temos hoje como garantir segurança hídrica para instalação de empresas, o que não havia alguns anos atrás. Temso também um sistema que desburocratiza e reduz o tempo para a regularização das empresas na cidade. Sem falar no trabalho da Secretaria de Desenvolvimento Econômica na prospecção incansável de novos investimentos.
O comércio de Valinhos vem sofrendo bastante nos últimos tempos, quais as ações que a prefeitura pretende fazer para auxiliar o comércio local?
Recentemente fizemos uma parceria muito bacana com as entidades que representam o comércio de Valinhos na questão dos moradores de rua. Foi a campanha “Não Dê Esmola, Dê Cidadania”. Essa parceria mostrou que quando a gente se une consegue ir mais longe, e que o diálogo é sempre o melhor caminho. Estamos abertos para auxiliar o nosso comércio naquilo que estiver ao nosso alcance. Sei da importância desse setor para nossa economia e para a população.
O combate à corrupção é a pauta da vez no cenário político e exigência da população, que pede mais cuidado com o dinheiro público. Como garantir transparência nas ações da administração municipal?
Acho que a transparência é a maior marca do nosso governo. Transparência e sinceridade. Se dá para fazer a gente faz. Se não dá, a gente diz que não vai fazer, não fica enrolando, dando esperança para algo que não vai ser realidade. Essa é uma marca da nova política. Falar a verdade, ter coragem de falar “não” para as pessoas, mesmo sabendo que isso vai desagradar. Além disso, implementamos o Portal da Transparência no Município e temos todas as nossas informações abertas para os munícipes. Estamos governando de forma austera, dura, mas objetiva a transparente. Em alguns anos esse trabalho vai ser melhor compreendido.
Qual a principal cobrança que o senhor ouve da população nas reuniões setoriais nos bairros?
Temos tido muitas reuniões positivas com os moradores nos bairros já foram 21 encontros, sempre com muito respeito e diálogo. Já conversamos com cerca de mil pessoas nesses bate-papos, gente que queria fazer alguma reivindicação, gente que queria sugerir ações, gente que queria só conversar com o prefeito. Entre as reivindicações mais apresentadas estão o tapa-buracos e a poda de árvores.
O senhor acredita que conclui as obras em andamento ainda na sua gestão? Qual a maior obra hoje no município?
São hoje quatro grandes obras em andamento na cidade. 1) Av. Invernada. 2) Escola dos Cocais. 3) Novo laboratório. 4) Desassoreamento da Lagoa do Cambará, no Country Club. Vamos finalizar todas neste mandato, mas trabalhamos para entregar as quatro ainda neste ano.
Quanto à questão dos moradores de rua a campanha “Não Dê Esmola, Dê Cidadania”, e o abrigo já estão gerando bons resultados?
O resultado foi fantástico, basta dar uma volta pela cidade pra ver. Caiu em quase 75% a demanda de atendimento de moradores de rua na cidade depois da campanha. Eu ando pelo comércio do Centro e ainda vejo os cartazes colados e os folhetos sendo entregues, o que mostra que o comércio abraçou a causa e foi fundamental para que ela fosse um sucesso.
Como o senhor vem acompanhando a questão da desocupação do assentamento ‘Marielle Vive’? Quais os cuidados que a municipalidade terá mediante a desocupação forçada?
Esperamos que a desocupação seja pacífica e que as pessoas voltem para suas cidades de origem. Valinhos hoje não tem condições de atender uma demanda habitacional para tanta gente. Não há financiamento do governo federal nem do estado para projetos que contemplem as faixas de renda mais baixas.
Houve a abertura da CPI das Contra Partidas. Como o senhor vê tal CPI instaurada?
Penso que a CPI é política, uma tentativa de prejudicar a imagem do prefeito. E penso que a CPI tenha alguns vícios formais que vão mostrar que ela não se sustenta. Mas isso é para os advogados. Eu quero deixar claro que as contrapartidas são uma forma de cobrar das empresas um retorno pelos seus investimentos na cidade e isso tem sido feito de forma clara, lisa, transparente. Cada centavo recebido tem sido aplicado em obras que trazem benefícios para nossa população. Vários requerimentos de vereadores já foram respondidos sobre esse tema e tenho certeza de que isso não passa de uma ação política com objetivo de prejudicar a imagem do prefeito, logo a coisas se esclarecem.
A eleição 2020 está chegando, o senhor pretende concorrer à reeleição? Mantendo sua vice? Ou está traçando novos rumos?
A candidatura à reeleição é uma prerrogativa dada pela lei ao prefeito, mas eu penso que ainda estamos distantes da eleição de 2020 e o objetivo hoje é fazer o melhor governo para Valinhos.
Como está sendo conduzida a questão dos servidores públicos a respeito do plano de cargos e do plano de saúde?
Estamos conversando com servidores e vereadores sobre o auxílio-saúde a ser pago pela Prefeitura. Além disso, com a falta de interesse da Unimed em continuar mantendo o plano dos servidores, dois outros planos estão credenciados pela Prefeitura (Samaritano e Beneficência) e o sindicato está oferecendo o plano pela Unimed, mas com algumas regras diferentes. O servidor vai poder escolher aquilo que melhor se encaixa em sua vida.
Quanto aos empréstimos com o Banco do Brasil e Caixa Econômica. Não existiria uma forma diferente de arrecadar verbas junto ao Governo Estadual e Federal através de verbas parlamentares?
Os governos federal e estadual fecharam as torneiras e estão segurando a liberação de recursos, penso eu por causa da crise. Os empréstimos são uma forma mais palpável de termos recursos para algumas ações emergenciais. Os prazos de pagamento e os valores são plenamente compatíveis com o fluxo de caixa da Prefeitura hoje em dia, mas é preciso ficar claro que os empréstimos ainda não foram contraídos, só temos uma autorização da Câmara para negociar com os bancos.
As cidades da região fizeram a anistia para os contribuintes que tenham atraso junto à prefeitura. Por que o senhor não optou pelos descontos e parcelamentos sem juros?
Esse é um assunto que ainda está em discussão.
Como o senhor vem acompanhando a questão de vagas no Cemitério São João Batista. Quantas sepulturas foram desativadas para alocação de outras? E a questão do cemitério vertical?
Estamos atentos à capacidade do cemitério e tocando a licitação para o novo projeto vertical.
Por que muitas questões relativas ao governo anterior não foram levantadas no início de seu mandato, e agora estão surgindo próximo ao ano eleitoral?
As questões são levantadas na hora que aparecem pra gente. Não há caça às bruxas, mas essas situações surgem quando a gente vai mexendo nas coisas, ao longo do tempo. Não há nenhum viés eleitoral. Ao contrário, já em 2017, se não me engano, a gente tinha listado mais de 10 apurações de atos de governos anteriores que mereciam investigação.
A operação tapa buracos não vence a demanda. Como o senhor pretende resolver definitivamente esta questão?
Estamos com três equipes nas ruas, e o cenário já melhorou muito em relação ao ano passado, mas eu reconheço que tapa-buraco é um paliativo, não vai resolver. Infelizmente hoje não temos recursos para recapear a cidade da forma que ela merece e precisa. Nossa malha asfáltica é antiga demais e ficou muitos anos sem manutenção adequada. Esse é um daqueles “não” que eu disse que tenho que falar com frequência e que incomoda as pessoas. Eu podia dizer que vou recapear, mas a opção é por falar a verdade e não iludir a população.
Como funcionará na real a parceria com a SANASA no tratamento de esgoto? Quanto isso custará para o município?
A Sanasa vai investir R$ 129 milhões para ampliar a nossa ETA Capuava e nós vamos melhorar a qualidade do tratamento de esgoto em nossa cidade, além de passar e produzir água de reuso para vender no mercado para as indústrias. É um investimento pensando na qualidade de vida das pessoas e no meio ambiente.
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O nosso trabalho é muito duro, mas força e vontade de ultrapassar os obstáculos nós temos de sobra. Trabalhamos com responsabilidade e respeito ao dinheiro público.