De nada adiantou o apelo dos agricultores para impedir o avanço da urbanização sobre as áreas rurais. No Macuco, por exemplo, indústrias serão instaladas vizinhas a plantações de figo e de goiaba. Proposta orçamentária da prefeitura destina míseros R$ 12 mil para o desenvolvimento da agricultura.
Na tarde desta sexta-feira (12), foi aberto oficialmente o mais importante acontecimento turístico de Valinhos: a 73ª Festa do Figo e a 28ª Expogoiaba, um evento sempre aguardado com expectativa pelos valinhenses.
Nas vésperas de outra data importante, a Natalina, a Câmara Municipal de Valinhos ignorou o apelo dos agricultores e aprovou, com votos favoráveis de 12 dos seus vereadores, a revisão do Plano Diretor e da Lei do Uso e Ocupação do Solo, autorizando o avanço da urbanização sobre a Zona Rural. Votaram contra a proposta apenas os vereadores Henrique Conti, Marcelo Yoshida, André Amaral, Mônica Morandi e Edinho Garcia, (veja abaixo dos 12 votos a favor).
Os vereadores também não deram a mínima aos anos de mobilização dos ativistas ambientais e, simplesmente, não levaram em conta, sabe-se lá a que preço, as reivindicações de importantes entidades da sociedade civil tais como: Associação Agrícola de Valinhos e Região, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, Sindicato dos Produtores Rurais de Valinhos, Associação Cultural Nipo-Brasileira do Bairro Macuco, Condomínio Agrário Núcleo do Capivari e Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Valinhos.
No dia da votação, num claro objetivo de intimidar a participação do povo na Casa do Povo, o presidente do legislativo, vereador Rodrigo Tolói, arregimentou 25 guardas municipais, alguns armados e, num gesto de autoritarismo, expulsou do plenário cidadãos que protestavam contra a falta de transparência no processo de aprovação do Plano Diretor.
Defensor da agricultura desabafa indignado
Ouvido pelo Pé de Figo, um dos ativistas que acompanharam durante anos a discussão da revisão do Plano Diretor, desabafou: “Uma indústria que já contava com a aprovação da lei, comprou uma área agrícola, do lado de uma nascente e pegada a plantações de figo. Com o absurdo de espalharem sendimentos ameaçando as lavouras da vizinhança. Sem critério nenhum, os caras vão fazendo e a prefeitura aprova. A gente está vivendo aqui uma destruição silenciosa e ninguém fala nada.”
Membro de tradicional família de agricultores faz denúncia estarrecedora
Recentemente um dos membros da família Barduchi, uma das primeiras de origem italiana a chegarem em Valinhos, fez um relato dramático nas redes sociais: com muito trabalho em cerâmica, plantação de figo e criação de abelhas, agora a família se depara com a cobrança de IPTU, com a utilização de artimanhas legais pela prefeitura, pois a área desenvolve atividades agrícolas, com processos desde 2016 para execução de um débito de R$ 900 mil de IPTU atrasado, forçando os proprietários a venderem a propriedade para instalação de mais um condomínio.
Tradição e Hipocrisia
Apesar de tudo, a tradicional Festa do Figo é um acontecimento aguardado com carinho pela população de Valinhos, ainda que a grande maioria dos valinhenses desconheça que a proposta orçamentária feita pela prefeitura destina míseros R$ 12.000,00 para a agricultura.
E o cúmulo da hipocrisia é abrir as páginas de um jornal ou acessar as redes sociais e se deparar com anúncios, feitos por vereadores e pela própria prefeita, exaltando a importância da Festa do Figo e convidando para os festejos.
Veja abaixo os anúncios publicados e os vereadores que votaram a favor do Plano Diretor: