Por Léo Pinho
A janela partidária acabou na última semana. Em nossa cidade, faltando apenas seis meses para as eleições, 76% dos vereadores mudaram de partido. Sabe aquele seu voto na eleição passada? Ficou no passado.
Até o momento, dos pré candidatos a prefeito, 50% trocaram de partido para a disputa de 2024. Inclusive, esse troca-troca se deu para outros partidos com posicionamentos políticos totalmente contrários ao de seus partidos anteriores. Isso tem o sentido de um transformismo eleitoral para vender “uma nova imagem” ao eleitor. Vamos cair nessa?
Traduzindo: eu e você votamos em um candidato vinculado a um partido porque era o que queríamos para Valinhos e agora, para a próxima eleição, esse político simplesmente trocou o partido em que estava e agora está em outro partido. Trocam partido como quem troca de roupa. Isso revela a infidelidade partidária como regra.
Os partidos políticos cumprem um papel fundamental no fortalecimento da democracia, pois expressam as posições, as ideologias e as vontades de representação política dos cidadãos. Os partidos fazem valer o Artigo 17 de nossa Constituição Federal e a Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995, alterada pela Lei nº 11.459/2009.
Vejam só: quanto mais os posicionamentos partidários são fortes e claros, mais transparente é para o eleitor esses posicionamentos sobre importantes temas e, assim, ele pode decidir o seu voto e fazer valer a sua visão de mundo. Agora, quando os partidos são apenas instrumentos de projetos pessoais e o troca-troca rola solto, o eleitor, a cada eleição, vê apenas marketing político. Aí o que acontece é que, se uma pesquisa eleitoral indica uma onda maior de votos para a esquerda, ou uma onda maior de votos para a direita, o candidato simplesmente se traveste e muda de partido, e com isso ludibriar a vontade popular, pretendendo ser algo apenas naquele momento para ganhar votos.
Não podemos mais aceitar essa prática! Muitos elogiam o modelo americano, canadense, europeu ou mesmo o de países de nossa região, como Chile e Uruguai. Em todos eles os partidos expressam claramente o posicionamento ideológico/político e os candidatos são a expressão do mesmo.
A fidelidade partidária é a expressão da transparência e do compromisso dos políticos eleitos com as diretrizes, ideais e programas de seus respectivos partidos. A fidelidade partidária é garantia da coesão e a eficácia dos partidos políticos, para manter a estabilidade do sistema político e a transparência política com os eleitores. A fidelidade partidária é a possibilidade de o eleitor saber que o projeto político que ele votou é o que, por compromisso ao partido, o seu candidato irá implementar.
Infelizmente, o que estamos assistindo em Valinhos nesse cenário em que a mudança de partido no legislativo chegou a inacreditáveis 75% e, para os pré candidatos a prefeito, chegou a 50%, é o contrário do que se almeja. Para a população levar a sério a política, precisamos de mais fidelidade partidária e compromisso com valores, visões de mundo e modelo de implementação de políticas públicas. Apenas assim a vontade popular expressa nas urnas pode ser mantida e garantida.
E você? Já conferiu se o político em que votou segue no programa de partido em que votou?