Há mais de 10 anos, os cientistas vêm alertando sobre o impacto das mudanças climáticas na Região Sul do país. No entanto, os governos locais negligenciam o perigo e autorizam o avanço de empreendimentos imobiliários sobre a natureza e destinam cifras medíocres ao orçamento de medidas de prevenção a catástofres.
As imagens da tragédia ocasionada pelo aterrorizante volume de chuvas no Rio Grande do Sul chocam o Brasil e o Mundo e escancaram a irresponsabilidade dos que negam os efeitos das mudanças climáticas decorrentes do desmatamento de florestas e de outras formas de destruição do meio ambiente.
Variações abruptas do clima, ora com calor escaldante, ora com inéditas baixas temperaturas, além da seca devastadora e volume de chuvas absurdo, parece não serem suficientes para convencer os negacionistas da crise climática de que a vida no Planeta Terra corre sério risco.
Em Valinhos, que já sofre com inundações, a prefeita e a maioria dos vereadores não tiveram o menor pudor em aprovar o novo Plano Diretor – apesar da intensa mobilização de entidades da sociedade civil – para permitir o avanço da urbanização sobre as áreas rurais e regiões importantes à preservação da natureza, tais como a Serra dos Cocais e o Bairro do Macuco.
Para se ter uma ideia, um estudo feito pela AEAAV – Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Valinhos e pela APHV – Associação de Preservação Histórica de Valinhos foi apresentado ao Conselho Municipal do Meio Ambiente aponta que o relevo da região da Fonte Sônia vai exigir, para a implantação do loteamento na antiga fazenda, a movimentação de mais de um milhão de metros cúbicos de terra, para o que seriam necessários 235 mil caminhões, considerando que cada caminhão carrega 5 metros.
O que o futuro reserva aos bairros localizados no pé da Serra dos Cocais vulneráveis a deslizamentos de terra e despejo de águas da chuva numa avalanche incontrolável a percorrer as vias impermeabilizadas pelo asfalto dos novos loteamentos e condomínios?
Espera-se que este tema esteja presente no debate das eleições municipais de outubro que se aproxima, a fim de que a prefeita e os vereadores de sua base sejam cobrados a explicar as razões da aprovação do Plano Diretor no sentido oposto ao clamor da população valinhense.
A propósito, o novo Plano Diretor proposto pela prefeita Lucimara teve o voto favorável dos vereadores Alécio Cau, Gabriel Bueno, Alexandre Japa, Franklin, Simone, Veiga, Mayr, Fábio Damasceno, Cesar Rocha, Thiago Samasso, Tunico e Tolói.