Por Claudiney Generoso*
“Vida em primeiro lugar. Todas as formas de vidas importam. Mas quem se importa?”
Dia 07 de Setembro, o Grito dos Excluídos completa 30 anos de existência, marcando três décadas de resistência e luta por justiça social no Brasil. Esse ato, que surgiu em 1995, no contexto das celebrações do Dia da Independência, tornou-se um símbolo de crítica e protesto contra a exclusão social e econômica que afeta milhões de brasileiros.
Origem e Propósito
A proposta do Grito dos Excluídos e Excluídas surgiu durante uma reunião de avaliação da 2ª Semana Social Brasileira, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que ocorreu em 1993 e 1994. A ideia nasceu com o objetivo de dar continuidade e concretizar as discussões realizadas na semana, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas” ou “O Brasil que a gente quer”. Além disso, foi inspirada pelo lema da Campanha da Fraternidade de 1995, que tinha como tema “Fraternidade e Excluídos” e lema: “Eras tu, Senhor?”
Desde 1995, o movimento tem como objetivo levar às ruas as vozes silenciadas das periferias e áreas rurais, revelando à opinião pública os sofrimentos que governos e autoridades preferem ignorar, expondo as dificuldades enfrentadas diariamente pela população de baixa renda.
Ao longo dos anos, o Grito dos Excluídos se consolidou como uma plataforma que amplifica as vozes das populações periféricas, das comunidades indígenas, quilombolas, trabalhadores rurais e urbanos, e das famílias que vivem em situação de pobreza extrema. O primeiro lema foi “Vida em Primeiro Lugar”, o movimento defendia uma sociedade onde os direitos humanos fossem plenamente respeitados e garantidos.
Importância para a Crítica Social
O Grito dos Excluídos é mais do que uma manifestação; é uma crítica contundente às estruturas que perpetuam a desigualdade e a exclusão social no Brasil. A cada ano, o ato reflete as urgências e desafios do momento, trazendo à tona temas como a reforma agrária, a luta por moradia, a violência contra as mulheres, o racismo, a LGBTfobia e a precarização do trabalho.
Essa mobilização anual tem um papel crucial na conscientização da sociedade sobre as múltiplas formas de exclusão que persistem no país. Ao ocupar o espaço público, o Grito dos Excluídos desafia o discurso oficial e exige a construção de políticas públicas que atendam às reais necessidades do povo. Além disso, promove a solidariedade entre os diversos movimentos sociais e fortalece a cultura de resistência e luta por direitos.
Legado e Perspectivas
Ao longo de três décadas, o Grito dos Excluídos demonstrou resiliência e capacidade de adaptação às mudanças políticas e sociais. Mesmo em contextos adversos, como períodos de repressão e criminalização dos movimentos sociais, o ato manteve sua relevância e sua força mobilizadora.
Em 2024, o Grito dos Excluídos com o tema “Vida em primeiro lugar. Todas as formas de vidas importam. Mas quem se importa?” reafirma seu compromisso com a luta por um Brasil mais justo, democrático e inclusivo. É um momento para celebrar as conquistas, refletir sobre os desafios ainda presentes e fortalecer a união entre os movimentos sociais na busca por um futuro onde todos, sem exceção, possam ter seus direitos respeitados e garantidos.
O Grito dos Excluídos é, portanto, um marco na história das lutas populares no Brasil, um grito que ecoa as dores e esperanças de um povo que não se conforma com a injustiça e que seguirá lutando por dignidade, igualdade e liberdade.
Acesse: www.gritodosexcluidos.com e conheça mais sobre a importância do movimento Grito dos Excluídos.
* Claudiney Generoso é assistente social, servidor público, com mais de 22 anos de atuação na Assistência Social/SUAS. Ativista em Direitos Humanos, principalmente, LGBTQIA+. Especialista em Atendimento Psicossocial às Vítimas de Violência pela UFSCar e Mestre em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas pela Unicamp.