O clima de comemoração diante das aguardadas obras de duplicação da Avenida Invernada justifica-se pela necessidade de solução para o trânsito em uma das principais vias da cidade. No entanto, é inevitável a frustração quando se depara com a realidade de que o estágio atual do empreendimento trata-se, tão somente, da canalização do córrego ao custo de R$ 29 milhões, sustentado por uma parceria entre a prefeitura de Valinhos e o governo do Estado.
Para quem teve a oportunidade de conferir no local o início dos serviços da canalização, ou mesmo através de fotos publicadas pelos órgãos de imprensa, a exclamação é compartilhada: o estreitamento do fluxo de água, e o consequente aumento da velocidade da correnteza, pode agravar as inundações recorrentes naquela região nos últimos anos, mesmo após a realização das obras no trecho depois dos viadutos da Avenida Dom Nery.
O Pé de Figo consultou alguns engenheiros e urbanistas, os quais enumeraram algumas questões:
- Os primeiros passos da canalização já demonstram que “vai dar ruim”, disse um deles.
- O material apresentado para os cálculos da obra revela uma solução subdimencionada. Sem contar que não prevê nenhuma outra ação à jusante [ sentido da correnteza num curso de água ], principalmente no trecho entre as avenidas Invernada e Gessy Lever, até a junção com o Ribeirão Pinheiros, além do canal ser aparentemente insuficiente já na sua cabeceira, ou seja, vai inundar toda a extensão da Avenida Invernada.
- Pelo projeto apresentado, se constata a canalização no começo perto do Supermercado Dalben e num outro trecho próximo ao Clube Atlético Valinhense, sendo que há um espaço aberto entre os dois, aparentemente destinado a piscinões. Ocorre que o memorial descitivo não prevê a construção de nenhum piscinão.
O Pé de Figo ouviu ainda alguns trabalhadores no local da obra que, por sua vez, ao serem questionados sobre o estreitamento do canal, afirmaram “que logo mais à frente haverá a ampliação da largura do leito de escoamento da água”.