Por Fabio Cerqueira*
A Sessão Ordinária da Câmara de Valinhos desta terça-feira (18) contou com grande presença de alunos, pais de alunos e pessoas formadas nos cursos do Centro Cultural da cidade, que já foi Casa da Cultura e Conselho de Cultura, e que há mais de 60 anos ininterruptos forma artistas de renome no cenário artístico brasileiro (e até do mundo). Mas, muito além de formar artistas, o Centro Cultural forma cidadãos, que buscam na essência de uma formação cultural os valores que uma sociedade de base hiper-captalista muitas vezes deixa de oferecer.
Eu queria muito que estes artistas estivessem naquele espaço para serem homenageados pelos trabalhos inspiradores que desenvolvem. Mas infelizmente este não é o caso. Lá estavam para lutar contra a perda de direitos essenciais para que o Centro Cultural continue exercendo sua vocação.
Entre o encerramento da certificação da Escola Nacional de Ballet de Cuba (ENBC/BR), o corte de gratificações para professores exercerem a coordenação do Corpo de Baile, a troca de sede com o Fundo Social de Solidariedade, a diminuição do tempo de aulas, a mudança de salas das aulas de teatro sem estrutura necessária e a falta de professor/a de artes plástica – ufa -, o que fica exposto é a gritante falta de diálogo (com o perdão do trocadilho) entre os novos gestores da Secretaria da Cultura e os agentes culturais do município. E nem falei dos atrasos no pagamento dos selecionados nos editais da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB).
Na mesma noite em que parte da classe artística se reunia na Câmara, a Prefeitura, na defensiva, publicou em seu site uma notícia sobre possíveis irregularidades na prestação de serviço por parte do Ballet Paula Castro, responsável pela certificação do método ENBC/BR. Alegou ainda ter quase dobrado o número de “inscritos” nos cursos do Centro Cultural para o ano vigente. Quantidade fica bonito no relatório. Será que ao final do ano teremos o dobro de alunos saindo do Centro Cultural com seus certificados de formação? E com que qualidade?
Na Sessão da Câmara, o vereador Marcelo Yoshida (PT) deu destaque para uma fala proferida por um dos gestores da Secretaria da Cultura, e que já vinha sendo muito criticada nos bastidores: a de que o Centro Cultural é um espaço sócio-recreativo, e não uma escola.
Chamo a atenção para que, nessa notícia publicada pela prefeitura, os alunos são chamados de alunos, os professores são chamados de professores, e as aulas são chamadas de aulas. Um espaço que tem alunos, professores e aulas, com certeza não é apenas um “espaço sócio-recreativo”. Então, que a Secretaria da Cultura trate o Centro Cultural como aquilo que é: um espaço de formação!

*Fabio Cerqueira é gestor e produtor cultural, Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC-Campinas, Especialista em Cultura e Educação pela FLACSO Brasil e Mestrando no Programa de Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da Unicamp. Presidente do PSOL Valinhos.

