Encaminhada à Associação Mata Ciliar, em Jundiaí, para os cuidados antes de ser devolvida à natureza, a onça parda de Vinhedo veio nos lembrar que ainda há tempo para mudar o rumo.
Na noite deste sábado (14), moradores do centro de Vinhedo foram surpreendidos por uma visita incomum: uma onça parda vagando pelos quintais das casas. O susto e a curiosidade que o animal provocou escondem um sinal mais profundo — um recado silencioso, mas urgente, da natureza.
A presença de um felino desse porte em área urbana não é um acidente isolado. É sintoma de um desequilíbrio em curso, alimentado pelo avanço desenfreado da urbanização sobre áreas naturais. Nas cidades da região da Serra dos Cocais, como Vinhedo e Valinhos, o novo Plano Diretor tem favorecido a expansão imobiliária, muitas vezes em detrimento das últimas porções de mata nativa e corredores ecológicos fundamentais à sobrevivência da fauna local.
Ao surgir no coração da cidade, a onça não só revela o quanto esses animais têm perdido seu habitat natural, mas também expõe nossa responsabilidade coletiva na escolha entre crescer desordenadamente ou planejar com equilíbrio, respeitando os limites da natureza.
Não se trata apenas da proteção de uma espécie ameaçada, mas da preservação de todo um ecossistema que nos garante ar puro, água limpa e qualidade de vida. Cada árvore derrubada, cada mata fragmentada, cada nascente aterrada aproxima mais o campo da cidade — e os animais silvestres de um destino incerto.
Encaminhada à Associação Mata Ciliar, em Jundiaí, para os cuidados antes de ser devolvida à natureza, a onça parda de Vinhedo veio nos lembrar que ainda há tempo para mudar o rumo. Que políticas públicas devem caminhar junto com a ciência, com o bom senso e com a escuta ativa da sociedade. E que o progresso verdadeiro é aquele que inclui a natureza como aliada — e não como obstáculo.

Para o biólogo Fábio Motta, presidente do Instituto Serra dos Cocais, fica claro que o fato ocorrido no município de Vinhedo deve acender um enorme alerta a respeito das escolhas que estamos fazendo sobre remanescentes de Interesse Ecológico que necessitam de proteção, como o caso da Serra dos Cocais.


