“Eu tinha 14 anos quando comecei a me envolver com arte. Foi graças a uma vizinha, que comentou que iria começar um curso e eu acabei indo junto. Na época eu não conhecia nada, eu era uma menina ainda. Era um curso difícil mas apaixonante e portanto, quando fiz 18 anos, precisei decidir o que fazer na faculdade. Não sabia o que cursar, mas tinha muito apoio da minha mãe , e então decidi fazer artes plásticas. Ai entrei de cabeça no mundo da cultura e nunca mais saí!
Nunca mais sai porque fui pegando gosto e aprendendo. Eu sinto, porque quando eu era menina eu não tinha assim aquela coisa de sair pintando. Na verdade, tem gente que nasce com o dom. Eu não nasci com o dom, foi uma coisa que aconteceu depois na minha vida. E ai, quando via essas pessoas com dom, eu acho que eu nunca me dei valor. Eu era assim aquela recatada, sabe ?! Nunca fui atirada, eu sempre fui mais quietinha.
Mas a coisa foi crescendo e tomando uma proporção que não podia imaginar. Claro, teve muita gente que me ajudou ! Gente que abriu a própria casa para eu dar aula, sabe ?! Aí ela mesmo convidava outras pessoas e pronto: eu tinha uma turma ! Eu dava aula em 4, 5 casas aqui em Valinhos. Eu tinha 18 anos e eu já era uma professora de 35 alunas. Depois comecei a ir pra Sumaré também. Tudo dentro das casas! Aí depois eu abri um ateliê quando desocupou essa casa que estamos hoje. Desocupou, ela estava alugada e nós morávamos em outro lugar. Aí a minha mãe desocupou a casa e eu – aí mãe, empresta pra mim vai? Pra eu fazer um ateliê.
E assim eu fiz com a Rosimari Bernarchi Damiano. Nós abrimos um ateliê, num lembro quanto tempo eu fiquei mas um bom tempinho eu fiquei aqui. E depois não deu certo, como muita coisa aqui em Valinhos. É difícil né. Não só pra arte, pra tudo. Eu acho que o comércio Valinhense é complicado. E depois, quando a porcelana começou a ficar mais excluída eu parei, dei uma boa sossegada. Aí, um dia, eu fui no atelier da Ana Massara, pra fazer aula lá. De tela. Aí eu falei: vou pintar um pouco de tela. Foi quando ela, uma grande artista, falou pra mim: como assim, o que você veio aprender aqui?! Você já sabe pintar! Eu falei: não! Eu não pinto. Ela, inconformada, retrucou- Não você pinta sim senhora! Você não quer ser minha professora aqui no atelier? E aí au fui dar aula no ateliê. Eu fiquei cinco anos dando aula de aquarela, no ateliê, porque era uma coisa que tava dentro de mim né?! Já brotando. Aí eu fui convidada pra trabalhar na APAE e larguei o ateliê, porque eu não dava conta das duas coisas. E fiquei mais sete anos. E assim foi indo minha vida, uma oportunidade que abria outras oportunidades e quando dei por mim a coisa já estava super avançada.”