MULHERIO JUNTA A DIVERSIDADE MUSICAL E DE GÊNERO EM BATIDAS DANÇANTES
“Mulherio” é o título do primeiro trabalho da banda “Nenauá” e, logo de cara identifica-se a força de uma coletividade plural, que compõe e marca de modo expressivo as seis músicas desse EP ( EP – extended play obra musical que contém mais músicas do que um single).
Contemplado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo por meio do PROAC EDITAIS de 2018, o trabalho é carregado de uma ousadia transgressora das cinco musicistas que compõem o projeto no qual há a integração entre música eletrônica e batucada e, entra num território ocupado majoritariamente por homens.
A força coletiva feminina e interseccional do “projeto Nenauá” vem somar às mulheres que, a cada dia se destacam e mostram todo o potencial feminino na cena musical.
“Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor.” – além das musicistas de excelência: MARISA MOLCHANSKY (baixo), MARTINA MARANA (violão), SHEILA SANCHES (canto e composições), TATIANA UBINHA (percussão), VANESSA DE FRANCO (BEATMAKER), “Mulherio” conta com várias participações de nomes importantes como as mestras da Comunidade Tradicional Jongo Dito Ribeiro, a indígena Tamikuã Pataxó, a guitarrista Marise Marra, a rapper Fabiana Kbeluduru, a sanfoneira Clara Rodriguez e da Bateria Alcalina. Somadas às participações especiais das cantoras Camila Godoy(Clandestinas), Marília Corrêa, Maíra Guedes, Mariana Vasconcelos, Andréia Preta, Ilcéi Mirian e dos maestros Marcelo Spínola e Fernando Siqueira. Mulherio traz a mulher como protagonista e reúne um grande time feminino, cerca de 40 mulheres participaram do projeto.
Projeto musical ousado, contemporâneo e versátil
“Batuque antropofágico psicodélico filosófico contemporâneo – creio que seja a melhor definição quando me perguntam do disco”, brinca Sheila Sanches.
Com essência e concepção feminina o disco foi gravado no estúdio do Mário Porto, em Campinas, e experimenta o batidão das pistas à multiplicidade rítmica brasileira. Os tradicionais ritmos de Jongo, Samba Reggae, Maracá indígena, Ijexá, Samba, Baião e Rap transitam entre o House, Deep house, Tecno e outras vertentes eletrônicas. A brasilidade contida na percussão e instrumentos harmônicos como baixo, violão, violoncelo enriquecem os arranjos e quicam juntos aos beats eletrônicos.
Um trabalho estimulante que foge do óbvio ao reconhecer, respeitar e acolher a diversidade optando por ter várias arranjadoras ao invés de uma única, também ao incluir a pluralidade étnica e diversa das mulheres .
Musicistas cis, trans, lésbicas, negras, indígenas, brancas, mães, gordas e magras tiveram a liberdade independentemente do conhecimento musical ou acadêmico, para compôr sua participação, sob direção de Sheila Sanches – idealizadora do projeto, que também assina a direção musical e os arranjos harmônicos gerais de Marisa Brisa Molchansky.
” Nossa existência em si, já é feminista e interseccional!”
O mercado da música e as mulheres
“A criação de coletivos e iniciativas de musicistas são essenciais para transpor a hegemonia masculina no mercado musical e naturalizar nossa presença como instrumentistas. Isso não significa que somos um movimento “nós contra eles”. O foco é melhorar a situação profissional e ética das mulheres que trabalham com música visto que, grupos musicais formados por mulheres ainda são vistos com preconceito por parte de muitas pessoas, enquanto um grupo apenas com músicos é normalizado”, explica Sheila
No mercado da música eletrônica então, a situação se agrava visto que este é um gênero musical quase que exclusivo dos homens e, ser mulher em um mercado onde a predominância é masculina, é sempre um grande desafio. Uma pesquisa lançada pelo female: pressure, uma rede internacional de artistas femininas que atua nos campos da música eletrônica e das artes digitais mostra a falta de equidade: 14% das performances são realizadas por pessoas do gênero feminino, outras 7% mistas, 1% não identificadas e 79%, masculinas.
Outro estudo realizado pela Dra. em Sociologia, Liliana Petrini, demonstra que as mulheres no meio musical recebem 35% menos que os homens. Ao pensar em mulheres negras, tanto a presença feminina, quanto a desigualdade salarial caem ainda mais, e ao demonstrar os índices representados pelas mulheres trans os números despencam.
A apresentação ao vivo com intervenção videoclipes e participações especiais
O show conta também com o entrelaçamento visual em sua composição Com projeções de videoclipes concebidos especialmente para o álbum, as imagens trazem representatividade feminina na dança contemporânea e tradicional, problematizando temas como discriminação LGBTQi+ e o genocídio da população indígena.
Os videoclipes foram dirigidos pela cineasta Kit Meneses com concepção da idealizadora do projeto, Sheila Sanches.
A musicista, ativista, mulher trans Camila Godoy, da banda Clandestinas fará participação especial no show do dia 01 de novembro, em Itu, e no dia 3 de novembro, em Santa Bárbara do Oeste terá a presença marcante da rapper Fabi Kbeluduru.
O coletivo que integra o projeto
Formado pelas musicistas
MARISA MOLCHANSKY- baixista
Violonista, baterista (UNICAMP). Lançou recentemente o autoral; “Brisa”.
MARTINA MARANA – violonista
Mestra em Música-Unicamp, canto-Tatuí. Lançou “Correnteza de Ar” e o disco “eu toco mal”- pelo ProacEdital-2018.
SHEILA SANCHES – cantora e diretora geral
Ritmista, cavaquinista . Canta há 25 anos, estudou flauta transversal na ELM-UNICAMP. Uma das precursoras da música eletrônica no Brasil, com 2 discos lançados. Compõe e canta em coletivos de samba e Blocos. Dividiu palco com nomes como Edgar Scandurra, Mestre Nilton Junior,Made in Brasil,Ekoa Afrobeat.
TATIANA UBINHA – percussionista – baterista, e violonista
Bisneta de Chiquinha Gonzaga, em 20 anos de carreira, tocou com artistas como Nei Lopes, Delcio de Carvalho, Silvia e Beatriz Góes, Alessandro Pennezi, Circo Vox e Palavra Cantada.
VANESSA DE FRANCO – beatmaker
Teraupeuta sonora, estudou Tecnologia Fonográfica, pela Anhembi Morumbi, Dublagem pela Belas Artes-SP, Produção Musical na AIMEC e Jornalismo na PUCAMP. .lançamento de “Mulherio” da banda “Nenauá”
Quando: 08 e 09 de Novembro (sexta e sábado)
Horário: 20h
Onde: MIS – Campinas ( Museu da Imagem e do Som de Campinas) Rua Regente Feijó, 859 – Centro, Campinas – SP
Oficina de roda de samba com foco na mulher
Quando: 16 de novembro (sábado)
Horário:14h
Local: Casa Sem Preconceitos –
Endereço: Rua Uruguaiana, 226 – Centro – , Campinas – SP
Todas as atividades possuem entrada gratuita