Além de evitar o ganho de peso, isso também ajuda a aumentar a imunidade
Com boa parte da população em casa por causa da quarentena, muita gente acaba descontando a preocupação, a ansiedade e até mesmo o ócio na comida. Para evitar cair nessa armadilha, a nutricionista Célia Beleli, especialista em obesidade e emagrecimento, explica que a palavra chave é planejamento. E que, mesmo fora do ritmo que estamos acostumados, é importante manter uma rotina, que inclua alimentação saudável e exercícios físicos.
“Temos dois pontos a considerar: primeiro, a questão de nos mantermos saudáveis para combater o coronavírus e, para isso, é fundamental comer alimentos saudáveis e manter a prática de atividade física. Outro ponto é a questão do ganho de peso. Em casa, as pessoas tendem a diminuir a queima calórica, já que ficam ainda mais sedentárias. Se, em contrapartida, aumentarem o consumo de alimentos calóricos, certamente vão sentir o resultado na balança”, explica a nutricionista, que atende na Clínica Concon e faz parte do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos.
Segundo Célia, é importante lembrar que isolamento social não é sinônimo de férias. “O ideal é a pessoa acordar no mesmo horário, fazer um café da manhã saudável e já praticar uma atividade física, afinal, quando deixamos o treino para o período da tarde, a possibilidade de ele ser adiado para o dia seguinte é maior. E aqui fica uma dica: há vários treinos virtuais gratuitos disponíveis, então, dá para praticar em casa”, orienta.
Para quem está em home office, além das orientações anteriores, ela ressalta que o horário de trabalho deve ser cumprido e que não devem ser disponibilizados petiscos no local de trabalho. “Leve apenas água para a mesa e faça intervalos regulares de 3 a 4 horas para ir à cozinha e se alimentar, assim, é mais fácil evitar escolhas erradas”, comenta.
Para colocar essas dicas em prática, Célia explica que é importante fazer um planejamento que envolva toda a família. “O ideal é planejar o cardápio da semana, até porque a recomendação é sair o mínimo possível. Nesse planejamento, inclua uma refeição diferente na semana para a família. As demais devem ser dentro da rotina. Outra dica: não compre guloseimas. Evite ter refrigerante na geladeira, sorvete no freezer, estoque de chocolate, afinal, quando você se sentir entediado ou ansioso vai buscar exatamente esses alimentos”, reforça.
Para substituir as guloseimas, ela sugere comer uma fruta, como a banana com canela, que é uma combinação saborosa e que aumenta a produção de serotonina, um hormônio que melhora o humor. Outra dica é fazer um mingau de aveia com banana, que tem efeito tranquilizante.
De acordo com Célia, também é fundamental ter vegetais em casa. “Programe-se para comprar para alguns dias e reserve um tempo para deixá-los lavados e higienizados. Também é possível lavar, picar e congelar alguns deles, como cenoura, chuchu, couve e vagem. No caso do espinafre, pode higienizar, ferver rapidamente, espremer e congelar em forma de bolinhas, no tamanho de um muffin. Congele em porções de acordo com a necessidade da família. Basta identificar na embalagem. Assim, fica mais prático na hora de preparar e você não precisa sair de casa para ficar comprando”, explica.
“E não se esqueça de tomar bastante água. O ideal é pelo menos de 1,5 litro a 2 litros por dia, de forma fracionada. Para ajudar, deixe uma garrafinha sempre por perto e coloque um alarme no celular como lembrete”, comenta. Lanches da tarde reforçados devem ser deixados para o fim de semana. “Afinal, quando estamos em nossa rotina normal, não tomamos café da tarde todo dia, não é mesmo?”, questiona.
Segundo a nutricionista, a família precisa falar a mesma linguagem. “Nessa fase de quarentena, precisa planejar as rotinas, seja com os adultos ou com as crianças, e seguir as regras. Neste momento, este é o melhor caminho para um bem-estar físico e mental e para evitar grandes oscilações de humor e peso, causadas pela má alimentação”, ressalta.
Para finalizar, Célia menciona um outro problema que pode ser estimulado pela quarentena, o binge watching, que é um comportamento compulsivo, em que a pessoa passa muitas horas seguidas assistindo a séries ou filmes. “Esse problema pode levar à piora da qualidade do sono, tédio e ansiedade. E isso tudo leva também ao aumento do peso, pois a pessoa fica horas envolvidas nessa atividade, o que impacta diretamente na sua fome e no seu peso. Como os episódios são sequenciais, a pessoa não para para se alimentar adequadamente e nem para tomar água. Por isso, após uma ou duas horas, faça um intervalinho, para tomar água e se mexer”, diz.
Sobre Célia Beleli:
A nutricionista Célia Beleli é especialista em obesidade e emagrecimento e mestra pela Unicamp. Ela atende na Clínica Concon, em Valinhos, e faz parte do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos.