Fabricante de troféus e medalhas vai ajudar médicos no combate ao COVID-19 com a produção de EPIs
Por Caio Possati
Entre os diferentes segmentos de mercado atingidos pela crise do novo Coronavírus, um deles é o do esporte.
Com o cancelamento de eventos esportivos, Marcelo Brait, proprietário e fundador de uma empresa em Campinas que produz medalhas e troféus para corridas, torneios e campeonatos, tem se adaptado a falta de encomendas com a fabricação de máscaras de proteção facial à base de policarbonato.
O objetivo é fornecer os equipamentos para ampliar a proteção dos profissionais da saúde contra a transmissão da COVID-19.
“Com a pandemia do Coronavírus, nossos pedidos foram adiados e alguns até cancelados. Então, tivemos a ideia de adaptar a nossa fábrica e as nossas máquinas para a confecção de máscaras de proteção feitas com o policarbonato e ajudar a classe médica a trabalhar de forma mais segura”, explicou Brait.
A medida adotada por Marcelo vai ao encontro de uma resolução (RDC 356/20) publicada no final do mês passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que permite que empresas fabriquem e importem produtos considerados fundamentais para o combate ao Coronavírus sem a necessidade de pedir autorizações sanitárias.
“As peças que nossa empresa produz são feitas de materiais oriundos da madeira. Por isso, um dos nossos maiores desafios é saber trabalhar com uma matéria-prima diferente”, afirma Marcelo que, embora já tenha conseguido produzir algumas máscaras como teste, está a procura por parceiros que forneçam chapas de policarbonato, um plástico flexível que se molda em altas temperaturas.
O empresário elenca outros desafios nesta nova fase, como: a comunicação com profissionais da saúde, um público que está pouco acostumado a lidar; ajustar suas máquinas de corte a laser para que as máscaras fiquem dentro dos padrões exigidos pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas); e, principalmente, fazer tudo isso com expertise e agilidade para corresponder a urgência do momento.
Para não ter prejuízos financeiros, Marcelo admite não poder, por enquanto, trabalhar com a doação das máscaras que ele pretende produzir. No entanto, “vamos cobrar um valor abaixo do que encontramos no mercado para poder cobrir os custos com matéria-prima, mão de obra e custo da utilização das máquinas” afirma.
A falta de EPIs no Brasil
Em coletiva de imprensa realizada no dia 1º deste mês, o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, alertou a população sobre a insuficiente quantidade de respiradores e Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para o combate do Covid-19 no Brasil, e afirmou que o país está com dificuldade para comprar estes materiais da China, principal produtora e exportadora deste tipo de insumo.
Segundo levantamento feito pela universidade americana John Hopkins, o Brasil tem até hoje (06/04) 11.281 casos confirmados, 127 casos recuperados e 487mortes até última atualização. Em Campinas, há 875 casos suspeitos, 64 casos confirmados e quatro óbitos até o momento.