Por Silene Gianechini*
A demanda por atendimento de pacientes com ansiedade, depressão, uso de álcool e outras drogas, e tantos outros transtornos mentais tem aumentado significativamente.
Em Valinhos, a situação não é diferente. A procura por ajuda profissional também tem se intensificado.
Diariamente chegam, apenas no ambulatório de Saúde Mental adulto, em torno de dez novos casos à procura por atendimento.
Acredito ser necessário ampliar a estrutura de profissionais e dos locais de atendimento.
Vimos recentemente na UPA um usuário com sintomas graves de transtorno mental ficar por dias esperando uma vaga de internação psiquiátrica. Isso não ocorreria se houvessem leitos no hospital geral para essa demanda de emergência psiquiátrica, assim como ocorre nos casos clínicos de maior gravidade que são transferidos para a Santa Casa. A UPA, no meu entendimento, não tem estrutura adequada para prestar atendimento de internação e assistência para esses casos, por longos períodos.
Outra questão a ser pensada é em relação à Saúde Mental dos jovens.
Infelizmente, tem se tornado comum os casos de jovens que se automutilam ou cometem tentativas de suicídio em razão de grande sofrimento psíquico. Fato evidenciado principalmente após a pandemia e pelas dificuldades enfrentadas por esses jovens em suas interações e convivências sociais.
Os jovens precisam de mais escuta e acolhimento para suas angústias.
Acredito que uma alternativa para auxiliar nesse problema, seria a realização de trabalhos mais integrados e descentralizados. A prática de atividades lúdicas, por exemplo, deve ser oferecida no próprio território que esses adolescentes residem. O Esporte, Cultura, Assistência Social, Educação e Saúde, poderiam diversificar e ampliar o cuidado aos jovens. Assim, um adolescente em sofrimento psíquico cuidado por diversos profissionais que se comunicam, receberia atendimento mais qualificado, integrado e eficaz, beneficiando inclusive sua família, e até sua comunidade de bairro.
Esse é um desafio a ser alcançado, consolidar o trabalho entre as secretarias municipais, tornando mais atuante a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) de Valinhos.
A rede de atendimento na Saúde Mental, aqui na cidade, se divide em dois ambulatórios: CEMAP/CASA para crianças e adolescentes e o CREAPS para adultos. Ambos os serviços acolhem os casos mais leves e moderados. E para os casos mais graves, há dois CAPS: o adulto e o infantil.
Todos esses dispositivos necessitam, na minha avaliação, investimentos para adequação do tamanho das equipes, ampliação dos horários de funcionamento e maior oferta de materiais para serem utilizados nas oficinas e nos atendimentos. A demanda aumentou consideravelmente, sem termos os serviços ajustados para essa nova realidade.
As equipes necessitam ainda, de investimento sistemático em educação continuada através de cursos de capacitação e atualização técnica, além de melhorarmos as condições de trabalho e salários dos profissionais, justamente para minimizarmos a rotatividade desses profissionais que são atraídos por oportunidades em outras cidades da RMC, visto que existe uma grande defasagem salarial oferecida por Valinhos.
E não esquecermos que é fundamental na Saúde Mental termos a seguinte premissa: ACOLHIMENTO, VÍNCULO e AFETO.
O AFETO É REVOLUCIONÁRIO!
*Silene Gianechini é Terapeuta Ocupacional e trabalha no CREAPS-Valinhos. Possui pós-graduação em Gerontopsiquiatria e Arteterapia. Em 2023 foi homenageada pela Câmara Municipal de Valinhos com a medalha Sarah Kubitschek. Atualmente é membro titular do Conselho dos Direitos da Mulher, e pré-candidata a vereadora pelo PV. Visite: silenegianechini.com.br