Apoiar os golpistas do 8 de janeiro é dizer: “se não gostar da decisão, pode quebrar tudo”. E é isso que os vereadores de Valinhos estão aprovando? Uma autorização simbólica para violência?
A Câmara Municipal de Valinhos aprovou na última terça-feira (15/04) uma Moção de Apoio em favor da anistia aos acusados e condenados pelos crimes cometidos no dia 8 de janeiro de 2023, com o voto contrário apenas dos vereadores Alécio Cau (PSB) e Marcelo Yoshida (PT).
Sem nenhum pudor, os membros do poder legislativo valinhense enumeram uma lista vergonhosa de justificativas, tais como: “Vivemos mais de 60 dias ininterruptos de manifestações por todo o Brasil, com cidadãos de todas as idades orando, cantando o Hino Nacional e se unindo pacificamente em busca de justiça transparente”.
O que aconteceu em 8 de janeiro em Brasília não foi manifestação pacífica. Foi invasão, destruição e tentativa de golpe. Não tem nada a ver com rezar ou cantar o hino — foi gente quebrando vidraças, destruindo obras de arte, invadindo os três poderes e pedindo intervenção militar.
Ao aprovarem uma moção de apoio aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, os vereadores de Valinhos não estão apenas expressando uma opinião política: estão legitimando a violência como ferramenta de contestação política, inclusive contra as decisões do próprio poder legislativo municipal.
O 8 de janeiro não foi um simples protesto — foi uma tentativa coordenada de subverter a democracia, com invasão, depredação e ameaça concreta às instituições da República. Ao prestar solidariedade a esses atos, os parlamentares de Valinhos passam a perigosa mensagem de que, quando se discorda de uma decisão legalmente tomada, vale invadir, quebrar e impor a força bruta ao diálogo.
É importante refletir: se um grupo radical, insatisfeito com uma lei aprovada na Câmara de Valinhos, decidir invadir o plenário, depredar o prédio ou ameaçar os vereadores, esses mesmos parlamentares terão legitimidade para condenar a ação? Afinal, foram eles mesmos que “abriram a porta” simbolicamente para esse tipo de conduta, ao declarar apoio aos golpistas de 8 de janeiro.
A moção, portanto, não é neutra nem inofensiva. Ela representa uma ameaça real ao Estado Democrático de Direito, inclusive em nível municipal. Ao apoiar os que tentaram derrubar a democracia nacional, esses vereadores enfraquecem também as bases da política local — e enviam um recado perigoso: a força vale mais do que o voto.
Valinhos e o Brasil merecem representantes que defendam a democracia em todas as esferas, com coragem e coerência — e não aqueles que, por conveniência ou cálculo político, flertam com o autoritarismo e legitimam o caos.

