“Essas medicações estão sendo usadas erroneamente, sem acompanhamento médico. Não temos nenhum estudo que valide a medicação para covid. E esse uso indiscriminado tem um impacto.” (Ilka Bonin, professora e médica da Unicamp)
Um paciente de Indaiatuba entrou na fila de transplante de fígado do HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp, em Campinas, após utilizar o kit covid – conjunto de medicamentos sem eficácia comprovada contra o vírus.
O kit, inclusive, é defendido pelo presidente da república Jair Bolsonaro (sem partido), e envolve remédios como a ivermectina, a hidroxicloroquina e a azitromicina.
Além do homem atendido em Campinas desde o final de janeiro, transferido da capital, outras quatro pessoas também foram atendidas em São Paulo e levadas à fila de transplante de fígado.
No caso de Campinas, o paciente chegou ao HC da Unicamp com a pele amarelada e com histórico de uso de remédios do kit covid, entre eles ivermectina, cloroquina, azitromicina, além de zinco e vitamina D. Todos prescritos por médicos, segundo a universidade. O paciente ainda não tinha doenças anteriores e tem cerca de 50 anos.
“Essas medicações estão sendo usadas erroneamente, sem acompanhamento médico. Não temos nenhum estudo que valide a medicação para covid. E esse uso indiscriminado tem um impacto. Estamos perdendo 80% dos pacientes internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), quando o usual é de 20 a 50%, dependendo da faixa etária. Será que nossa mortalidade não está associada ao uso de remédios que têm sua hora de serem usados? Essa é a pergunta que temos feito”, disse a professora e médica da unidade de transplante hepático do HC da Unicamp, Ilka Bonin.
Fonte: A Cidade ON Campinas


