O governo do prefeito Orestes Previtale (PSB) tem utilizado a justificativa, para quase todos os seus atos, de que age com absoluta observância das leis e na busca obstinada do equilíbrio financeiro.
Não passam despercebidas, no entanto, algumas contradições importantes, como é o caso do tratamento dispensado pela Prefeitura à cooperativa de recicláveis Recoopera.
Na Nota de Esclarecimento expedida pela Prefeitura para explicar a atabalhoada ação contra a Recoopera, o executivo valinhense faz questão de reforçar que o aluguel do barracão onde estava instalada a cooperativa era bancado pela municipalidade ao custo de R$ 12 mil mensais.
Tenta passar a ideia de que é alto o valor dos encargos assumidos pelo poder público para manter o trabalho “dos cerca de vinte (20) cooperados cadastrados, e que menos da metade realmente desenvolviam a atividade, sendo que maioria deles é oriunda da cidade de Campinas”, segundo a Nota.
A mesma reação de incômodo com gastos não se observa, por exemplo, quando o executivo cria o cargo de Assessor Especial de Políticas Públicas, ao peso de R$ 15 mil mensais – R$ 3 mil a mais do que o aluguel da cooperativa – numa nomeação escancaradamente política e de duvidosa produtividade.
Nestes tempos de crise generalizada, fica cada vez mais evidente que as organizações da sociedade, em torno de princípios como os da solidariedade e da união, aparecem como alternativas reais de sobrevivência econômica.
As cooperativas se destacam na lista destas alternativas, mas, infelizmente, os órgãos públicos e seus administradores ainda não compreenderam o papel destas organizações, quem sabe por posturas ideológicas ou, pior, desconhecimento mesmo.
A prefeitura e toda sua estrutura , antes de ser um órgão fiscalizador, com poder de polícia e repressão, deveria ser instrumento de apoio, orientação e incentivo às iniciativas organizadas da sociedade civil, mas, para isso, com o perdão do trocadilho, os agentes públicos carecem de uma urgente reciclagem.
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