Há um ano, Valinhos virou manchete nacional depois que um homem foi assassinado durante uma manifestação do MST, que pedia o fornecimento de água para o Acampamento Marielle Vive. Na Estrada do Jequitibá, ligação da cidade com o município de Itatiba, o condutor de uma camionete avançou o veículo sobre o senhor Luís Ferreira, membro do movimento, e o matou.

Na última semana, a nossa cidade voltou a ser destaque na grande mídia, principalmente nas redes sociais da internet, com a incrível repercussão de um vídeo contendo cenas explícitas de racismo.

De todos os cantos do Brasil emanaram as mais diversas reações de indignação. Para nós, pés de figo, o mesmo sentimento ainda teve uma dor adicional: a vergonha.

Dias atrás, escrevi aqui neste mesmo espaço, um texto para tratar da vexatória manifestação de alguns valinhenses que se consideram moradores de uma ilha cercada de Brasil por todos os lados. Para eles, tidos como “cidadãos de bem”, os números da incidência da covid-19 não são críveis, pois registram “gente de fora”, que deveria ser tratada nos hospitais de suas cidades. Que vergonha alheia!

O episódio das ofensas racistas ao motoboy, no entanto, revela também uma instantânea e auspiciosa solidariedade, sobretudo pelos seus jovens companheiros entregadores, como um fio de esperança de que as coisas podem mudar. Mudar no sentido de, finalmente, compreendermos que não podemos aceitar inertes a calculada imposição de que estamos fadados a sobreviver num território comum, e não a conviver na construção de uma cidade de todos, como artífices e não meros espectadores.

Oxalá a reação venha em forma de consciência de que ou tomamos a história em nossas mãos, ou cruzamos os braços, prostrados sob o peso da especulação imobiliária, faminta a avançar com a cruel expansão urbana, insaciável a devorar árvores, animais, água, paisagem e gente.

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2 Comentários

  1. Me solidarizo com esse comentário, uma vez que, muito sutilmente, numa reunião de artistas, uma artista de familia “tradicional” rebateu uma opiniao minha , dizendo:” eu tenho direito , pois sou Valinhense.nasci aqui”
    Me deu ânsia de vomito,
    Por essas e outras , nos “forasteiros” que divulgamos brasil a fora, NAO , nos sentimos.Valihenses E NEM MORAMOS EM CONDOMÍNIO

  2. Infelizmente a sociedade mundial (não somente Valinhos ou Brasil) precisa ainda amadurecer, basta olhar os comentários das redes sociais.
    Esse débil mental
    Esse gordo
    Esse Filho de papai
    Entre outras coisas que não vou comentar, tudo isso ainda é uma forma de preconceito dentro do próprio preconceito.
    Quando iremos aprender?
    Por que essa necessidade de reduzir o outro?
    Quando iremos parar com essa mania de querer ganhar likes/gostei ou fazer parte da patota que se acha policamente correta?
    Precisamos ter mais empatia e tirar algum aprendizado ou reflexão do acontecido, e principalmente ajudar de alguma forma, ao invés ficar somente descendo a lenha em tudo.

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