Tive dois momentos na vida que fizeram minha alma transbordar de esperança e orgulho de ser brasileiro e valinhense.
O primeiro ocorreu em 1984 em São Paulo, na Praça da Sé, onde milhares de pessoas fizeram ecoar o grito que viria a se espalhar por todo o Brasil: Diretas Já. O outro aconteceu em 1996, um debate entre os candidatos a prefeito de Valinhos, no auditório do Cine Saturno. Casa lotada para ouvir de Vitório, Marcos e Pozzuto as propostas para governar a cidade.
Emocionado, abri minha participação revelando um sonho de ver a população reunida, como naquela noite, interessada pelas questões políticas e pelo futuro da nossa cidade.
Hoje temos na internet uma ferramenta incrível para a comunicação e manifestação de ideias e opiniões. Ocorre que para algumas pessoas a liberdade de expressão se resume a atos de xingamento, insultos e ameaças, covardemente escondidos atrás de um teclado, ou vomitados pelos perfis falsos e notícias mentirosas.
Dias atrás, ao expressar opinião, sob a ótica da minha nunca ocultada ideologia, recebi de uma minoria raivosa, comentários carregados de ódio: velho murcho, velho chato, velho babaca, velho vagabundo!
Lembrei-me de um episódio em que um juiz aposentado, ao ministrar uma de suas aulas de Direito do Trabalho, retirou do bolso de trás das calças um lenço e, caminhando de um lado a outro da sala, assoou escandalosamente o nariz. Composta de moços e moças, a audiência reagiu com uma mistura de espanto, perplexidade e risos.
Indiferente, do alto da autoridade emoldurada pelos cabelos brancos, o mestre seguiu dobrando o lenço e ensinando: “Essa é uma das vantagens de ser velho. Se eu tivesse a idade de vocês, jamais teria coragem de usar o lenço assim em público. A outra vantagem é que vocês podem morrer moços, eu não.”
Na atual conjuntura, há que se alertar aos moços e moças sobre a mais recente vantagem dos idosos: seremos imunizados antes contra o coronavírus, e a vacina é fruto do conhecimento acumulado ao longo dos anos pela velha ciência.


