Na noite de terça-feira  (11), após uma sessão tumultuada, com direito a ocupação da mesa diretora, corte de energia e muito bate-boca, o Senado aprovou a polêmica Reforma Trabalhista, parte do chamado “pacote de maldades” proposto e defendido pelos setores mais conservadores dos poderes executivo e legislativo.

É lamentável que uma mudança tão profunda nos direitos dos trabalhadores tenha sido realizada por um governo que muitos consideram ilegítimo (inclusive grande parte dos chefes de Estado mundo afora), cuja plataforma não foi eleita pelo povo, que tem a menor aprovação popular da história, em meio a uma crise política sem precedentes.

Um presidente e um Congresso desmoralizados pelas sistemáticas denúncias não têm integridade moral para conduzir reformas como essas, que atrasam em séculos as conquistas sociais, e é preciso enfrentar estas perdas até que reconquistemos esses direitos, para então podermos avançar na conquista de novos direitos sociais, na busca de Utopia.

Mas para fortalecer esta luta, é preciso entender de que forma o discurso da “necessidade das reformas” tem ganhado adeptos entre aqueles que mais serão prejudicados por elas.

Na ânsia de querer deixar de ser explorado para se tornar explorador, a classe média brasileira adotou o discurso de que os grandes responsáveis pelo seu insucesso como empreendedor são os direitos trabalhistas, que, segundo seu discurso, exacerbam o custo das empresas. Os autores deste discurso deixam propositalmente de lado os custos das altas taxas de juros, e da absurda má distribuição dos impostos, alavancada pela alta tributação do consumo, e baixa tributação das rendas e posses. Lógica que faz com que os 10% mais pobres percam mais de 30% de sua renda para o leão, enquanto os 10% mais ricos contribuam com apenas 21%.

A tão esperada reforma tributária, que poderia corrigir estas distorções não está em pauta no Congresso pelo lobby dos mesmos que cobram a aprovação do “pacote de maldades” a todo custo. Que são os mesmos grandes financiadores de campanhas políticas. Que são os mesmos que continuaram batendo recordes de lucros apesar das crises. Que são os mesmos que inflamam a sociedade a se polarizar numa guerra em que todos sairão derrotados, enquanto eles, que dominam a arte da manipulação, brindam nossa perda de direitos.

É preciso lembrar que a existência da CLT não impediu o Brasil de sair do Mapa da Fome, de alcançar índices de pleno emprego a tão pouco tempo atrás, de se tornar uma das maiores economias do mundo, com índices de crescimento que deixavam o Tio Sam de cabelo em pé.

A sociedade precisa urgentemente saber se colocar em seu lugar, conhecer quem é seu verdadeiro inimigo, e mostrar que a força social pode levar o capital financeiro para a guilhotina.




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