O MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, através da Regional Campinas e do Acampamento Marielle Vive/Valinhos, divulgou nesta quarta-feira (23) um manifesto por “lockdown em defesa da vida e dos direitos, pelo auxílio emergencial, por vacinação e emprego”.
No documento, o MST denuncia “a política negacionista e criminosa do governo Bolsonaro ao desincentivar a vacinação e as medidas de contenção do vírus” e que “a real política de Dória para combater a pandemia, foi o corte orçamentário de 820 milhões de reais da área da saúde para 2021.”
Confira:
Lockdown em defesa da vida e dos direitos.
Pelo Auxílio Emergencial, Por Vacinação e Emprego
Valinhos, 24 de março de 2021
Batendo recorde atrás de recorde, o Brasil registrou ontem o total de 3.251 mortes pela covid-19 em 24hs, sendo 1.121 destas mortes somente no estado de São Paulo, além de mais de 28 mil vítimas internadas no estado. Estamos chegando ao total de 300 mil vidas perdidas desde o início da pandemia em todo o país, destas, a capital paulista é o epicentro nacional respondendo por mais de 20 mil óbitos. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC) já contamos com mais de 5 mil mortes e cerca de 200 mil infectados/as.
No Brasil se morre de covid-19 muito mais do que em qualquer outro lugar do mundo e, para piorar a situação, há no país o surgimento de novas variantes de coronavírus ainda mais transmissíveis, mais letais e perigosas. Não bastasse o terror de uma pandemia mundial, a política negacionista e criminosa do governo Bolsonaro ao desincentivar a vacinação e as medidas de contenção do vírus, faz com que a pandemia se torne um verdadeiro genocídio, especialmente contra as populações negra, pobre que historicamente sofrem com as mazelas sociais de uma sociedade desigual, racista e excludente. As ações de Bolsonaro vão na contramão de um efetivo combate ao vírus, cada vez fica mais evidente que as mortes e o aprofundamento do caos pandêmico são componentes centrais do projeto de governo do atual Presidente da República.
O estado de São Paulo neste momento é epicentro do morticínio por coronavírus, das mais de três mil mortes por covid-19 no Brasil ontem, mais de mil aconteceram no estado. O governador Dória faz um malabarismo para demonstrar uma suposta oposição ao governo Bolsonaro nas ações contra a pandemia, parecendo ser um político pró-ciência e preocupado com a população paulista quando todos sabemos que seu foco principal são as eleições de 2022. Para isso se esforça para acumular capital político através da vacina do Butantã que, como empresa pública, é atacada diuturnamente por sua política entreguista e privatista. Se o Instituto Butantã e as demais instituições públicas de pesquisa e saúde, como o próprio SUS, dependessem da política econômica de Dória, já teriam sido há muito tempo privatizados como ele quis fazer recentemente com a proposta do PL-529.
A real política de Dória para combater a pandemia, foi o corte orçamentário de 820 milhões de reais da área da saúde para 2021, conforme dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O governador será cobrado pelas mortes que ocorreram e ocorrerão pela não implementação de restrições mais rígidas, como um lockdown, e a não implementação de políticas públicas que possibilitem uma renda básica para os segmentos mais necessitados e fragilizados, demonstrando desdém à população mais pobre, setor que não tem condições de fazer home office e não pode esperar o pior passar na segurança de suas casas.
O momento é de luta e a pauta principal é a vida, que precisa ser preservada e garantida através de políticas sociais. É sabido que as formas eficientes de combate ao vírus são: a vacinação, que anda a passos lentos devido ao negacionismo do Governo Federal, e os cuidados como distanciamento social, uso de máscaras, não aglomeração. No nível crítico que nos encontramos, é necessário a implementação de um lockdown rígido e imediato, para garantir a diminuição de demanda nos hospitais e evitar o total colapso hospitalar. O município de Araraquara é um exemplo da eficácia do lockdown, após a implementação da medida assistiu a queda de 39% das mortes pelo vírus e a diminuição de 57,5% das contaminações.

A viabilidade do lockdown depende que as pessoas tenham condições de ficar em casa com o recebimento do Auxílio Emergencial de, no mínimo, 600 reais, em especial para os trabalhadores e trabalhadoras informais que vivem sem nenhuma seguridade laboral como reflexo da política criminosa dos governos golpistas que fizeram as reformas trabalhista, previdenciária e implantaram a lei de terceirização irrestrita a partir de 2016.
Lockdown em Valinhos é urgente. O município registra o maior índice (3.3%) de letalidade do vírus da região de Campinas, do estado de São Paulo (2,9%) e está acima da média nacional (2,4%), a situação tende a ficar cada vez mais insustentável. Se o Governo Federal e o Governo Dória não vão fazer, que o lockdown seja feito pelo poder público valinhense para salvar vidas dos e das munícipes. A Prefeitura de Valinhos deve protagonizar a implementação do lockdown regional, através da articulação com demais prefeituras da RMC, como vimos ser realizado na Baixada Santista.
Como se a situação de todos e todas já não fosse desesperadora o suficiente, as famílias sem terra do Acampamento Marielle Vive vivem um contexto ainda mais crítico. Além da precariedade do acesso à água, estão sob ameaça de despejo. Despejo sempre é um ataque aos direitos humanos e sob uma grave crise sanitária é ainda mais danoso, por isso dizemos que DESPEJO NA PANDEMIA É CRIME! Mesmo com esta situação adversa, o Marielle até agora vem conseguindo de forma heróica resistir aos ataques políticos, jurídicos e da covid-19 por meio da organização popular e da produção de alimentos saudáveis.
Sabemos que quem vive na rua, quem tem que se deslocar diariamente em ônibus lotado para trabalhar, em mansões e condomínios de luxo ou nas atividades econômicas que permanecem funcionando em Valinhos, estão em uma situação crítica de exposição ao vírus. Por isso fazemos um apelo às autoridades públicas municipais e aos empregadores da cidade, não é possível dormir tranquilo com tantas mortes diárias. A não tomada de decisão pelo lockdown, a negligência e a indiferença são os principais motores da tragédia social a que assistimos.
VACINAÇÃO PARA TODOS E TODAS! FORA BOLSONARO!
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA
Regional Campinas/Acampamento Marielle Vive



São pessoas simples, mas de muito consciência social. Provavelmente se sairmos dá abrangência do Acampamento Marielle, nós não encontraremos essa mesma consciência em nenhuma outra parte da cidade de Valinhos!