
Considerado um dos principais sociólogos do Brasil, Florestan Fernandes (1920-1995) faria 100 anos neste 22 de julho.
Em 1989, no exercício do meu primeiro mandato como vereador, segui na Caravana da Moradia até Brasília, acompanhado de integrantes da Associação dos Sem Casa de Valinhos.
Dezenas de movimentos de luta pela moradia popular, de diversos pontos do país, marcaram encontro na capital federal.
Cansados, após horas de viagem de ônibus, nos hospedamos nos vestiários do Estádio Mané Garrincha, em cujas arquibancadas nos serviram o café da manhã.
Na pauta, reuniões com dirigentes da Caixa Econômica Federal, Banco Central e visitas a gabinetes de parlamentares.
A gravata do Florestan
Num palanque instalado no gramado em frente ao Congresso Nacional, deputados e senadores constituintes se revesavam com manifestações de apoio ao movimento.
A cada político que assumia o microfone a massa gritava:
“TIRA A GRAVATA, TIRA, TIRA”
Florestan Fernandes, então deputado constituinte, ensaiou uma reação contra o pedido do povo, que se divertia sob o palanque:
“Não é uma gravata que faz ou desfaz a dignidade e a honra de um homem”, bradou o professor Florestan em mais uma lição.
Foi em vão, o grito contra as gravatas se animou ainda mais:
“TIRA A GRAVATA, TIRA, TIRA”
Nem o respeitado sociólogo resistiu. Arrancou a gravata e a atirou na multidão em delírio.

