3,2,1,0…pronto para ver que irão dizer que há coisas mais importantes com que se preocupar, ou que a Festa do Figo já não significa mais nada, que virou uma grande quermesse e coisa e tal.
O que pretendo destacar é que, pela primeira vez em 72 anos, não teremos o clima de festança do interior. Um mês de janeiro sem exposição de frutas, nem maçã-do-amor ou barraca do lanche de linguiça, tampouco a cantoria de grandes ou pequenos shows a ecoar pelos céus da Capital do Figo Roxo.
Trata-se de mais uma das consequências da terrível pandemia do coronavírus que nos leva a refletir sobre os rumos da nossa vida pessoal e coletiva: o que será de nós, da nossa cidade, do nosso país e do mundo depois que tudo isso passar?
Seguiremos de braços cruzados, como meros espectadores do avanço da expansão urbana, indiferentes à proliferação de loteamentos e edifícios a invadir as áreas rural e de preservação ambiental?
Seremos um amontoado de gente morando no mesmo espaço, desprovidos do sentido de cidadania, esperando pela briga de torcidas da próxima eleição, cegamente outorgando carta branca para o governo local e aos representantes do povo no legislativo?
Calados, permitiremos que os interesses de poucos predominem sobre os anseios e sonhos de toda uma cidade, enquanto a nova legislação do Plano Diretor sucumbe à ganância dos que mandam?
O que será de nós sem a agricultura familiar, sem a água da Serra dos Cocais, sem planejamento urbano, sem desenvolvimento responsável e sem a valorização da nossa história e o cultivo da nossa cultura?
O que será de nós sem a Festa do Figo?


