Nova gestão do DAEV convoca imprensa para falar da atual situação dos serviços de água e esgoto na cidade e revela que erros de projetos, perda de água tratada, paralisação de obras, falta de investimentos e defasagem na tarifa são retratos da falta de ação da administração passada.
Ao ser eleito em 2012, o ex-prefeito Clayton Machado (PSDB) nomeou o seu vice-prefeito Luiz Mayr Neto para presidir o DAEV, exonerando-o em março de 2016 sob a alegação de que “havia interesse político partidário que o vice-prefeito passou a ter visando as eleições municipais de 2016”. No lugar de Mayr foi escalado Cláudio Santi Maria para exercer a presidência.
O Departamento de Água e Esgoto de Valinhos, por meio do presidente Pedro Inácio Medeiros e engenheiros do próprio DAEV, convocou a imprensa, na manhã desta quarta-feira (15), para dar esclarecimentos sobre os temas mais emergenciais que dizem respeito aos serviços da Autarquia.
A paralisação do abastecimento de água marcado para ontem (14), a situação do esgoto da região do Joapiranga, além da possibilidade futura de aumento da tarifa foram os temas da conversa. “Nosso objetivo é nos aproximar da população e do nosso corpo técnico, que é muito competente”, afirmou o presidente Pedro Inácio, disposto tornar o trabalho do DAEV mais transparente aos munícipes de Valinhos.
Interrupção do abastecimento
De caráter mais emergencial, a paralisação no abastecimento de água, realizado entre os dias de segunda-feira (13) e terça-feira (14), foi o primeiro assunto a ser comentando. De acordo com o corpo técnico do DAEV, a interrupção do abastecimento de água aconteceu por conta da realização de um reparo necessário na ligação entre a Estação de Tratamento de Água I (ETA I) e a Estação de Tratamento de Água II (ETA II), onde havia um vazamento diário de cerca de 35 mil litros de água – o que corresponde a um volume próximo do consumo mensal de um domicilio com quatro pessoas.
De acordo com os engenheiros, o vazamento, que ocorre desde a inauguração da obra de ampliação da ETA II, em 2015, acontece por conta de uma caixa de inspeção – que não estava em projeto – feita em cima da junta de dilatação, localizada na interligação entre a ETA I e a ETA II. “Ontem, nós fizemos um tratamento tanto externo quanto interno e conseguimos reduzir o vazamento em 97% ao tratar toda a tampa de inspeção. Faltou só o pequeno vazamento localizado na junta, que nós vamos tratar na próxima etapa”, garantiu o engenheiro Ricardo Gardim.
Bem como afirmou o engenheiro, ainda está programada uma segunda etapa da manutenção para a próxima semana. Por ser necessária uma reparação de menor intensidade que a primeira, a interrupção de água levará menos tempo e deve ocorrer em um período de seis horas.
Situação Joapiranga
O DAEV também deu explicações referentes à situação do Joapiranga, onde há meses se encontram fossas e transbordo de esgotos por conta da falta de escoamento. Segundo o presidente, a condução do esgoto não está sendo feita adequadamente devido a não conclusão de um projeto, pela gestão anterior, que seria responsável pela travessia do efluente sob a Rodovia Anhanguera e que o ligaria a estação elevatória, no Macuco. “Com a troca de gestão, os projetos não foram concluídos e os problemas não foram solucionados”, disse o presidente do DAEV, Pedro Inácio.
Este projeto deve se juntar a de um empreendedor que, em contrapartida a construção de um condomínio residencial na região do Joapiranga, elaborou um emissário para o escoamento do esgoto da região. Porém, enquanto a obra do emissário se encontra quase finalizada, o projeto de travessia ainda não saiu do papel mesmo depois da aprovação do empreendimento ter acontecido há anos.
“Hoje, o DAEV não tem o projeto. Precisa, então, fazer o projeto, ser aprovado na Autoban, contratar a obra para, assim, fazer a execução. Então temos que correr contra o tempo, porque o empreendedor vai acabar a obra dele e o pessoal vai cobrar a ligação do esgoto”, disse o engenheiro Gardim.
Rejuste da Tarifa
Ao se tratar do reajuste da tarifa, o presidente Pedro Medeiros não poupa críticas a gestão anterior e afirma: “adianto que estamos um mês com a tarifa defasada”.
Segundo o atual Presidente do DAEV, a falta de propostas de investimentos no setor do tratamento de água e esgoto no último ano contribuiu para a atual pendência da tarifa que, segundo o próprio presidente, deverá ser reajustada a partir de maio, mediante a aprovação do Conselho Municipal de Regulação e Controle Social de Saneamento. “Estamos trabalhando com o caixa baixo e com pouco dinheiro para investimento”, disse Medeiros, que concluiu: “Isto é sintoma de um governo que terminou mal”.
A reportagem do Pé de Figo tentou estabelecer contato com o vereador Luiz Mayr Neto por telefone e email, mas não obteve retorno até o momento.