Franklin (PSDB) diz que cumpriu a função de presidente e defende o respeito à democracia. Yoshida (PT) emite Nota do Mandato DiverCidade em relação aos ataques contra a criação da Comissão Permanente Especial de Defesa dos Direitos Humanos.

Inconformada com a constituição de uma Comissão Especial Permanente de Defesa dos Direitos Humanos na Câmara de Vereadores de Valinhos, uma eleitora enviou uma mensagem de áudio ao vereador Franklin (PSDB), Presidente da Câmara, declarando “guerra em defesa do conservadorismo”.

Presidida pelo vereador do PT, Marcelo Yoshida, a comissão tem como demais membros Cesar Rocha (DC), Mônica Morandi (MDB, Henrique Conti (PTB) e Alécio Cau (PDT).

Leia a transcrição do áudio na íntegra:

Ôôô, Franklin! Bom dia, bom na verdade só se for pra você, né?

O negócio é o seguinte, Franklin. Te respeitei até agora, como uma pessoa boa, como uma pessoa legal, mas acabei de me arrepender do que eu acreditava em você.

Você acatou o pedido do Marcelo do PT pra Comissão de Direitos Humanos. Então foram nomeados os outros.

Franklin, até onde eu sei, os seus eleitores são bem conservadores. E se tem algo que o PT não tem é conservadorismo. Até porque eles são contra o conservadorismo.

A partir de hoje, isso não é ameaça nem nada, isso é um aviso. A partir de hoje uma guerra está travada. Eu vou começar a soltar em rede pública, para o pessoal entender que você acatou a decisão do PT. Numa cidade conservadora igual a nossa, os seus eleitores vão saber que você acatou o pedido do senhor vereador Marcelo, e os direitos humanos agora estão na mão deles, né!?

Você sabe muito bem o que vai virar os estudos, quem tem filho pequeno, numa cidade tão conservadora igual a nossa. Podem se preparar, você vão ver muito minha cara aí na Câmara.

E a população vai saber, viu Franklin! Vai saber o que o PT vai trazer de bom nos direitos humanos. E a população vai saber, também, que foi você como presidente da Câmara que acatou esse pedido.

Nunca teve direitos humanos em Valinhos, pois você agora como presidente da Câmara acatou, né!?

Então, Franklin, parabéns pela sua decisão, se prepara pra guerra que está formada. A partir de hoje eu começo em todas as igrejas, em todos os setores públicos e estar em contato com todos os eleitores. Daqui quatro anos, todo mundo vai lembrar o que aconteceu. Porque eu não vou dar mais paz.”

Franklin diz que cumpriu função de presidente e que democracia pressupõe respeito

Procurado pelo Pé de Figo, o Presidente da Câmara, Franklin Duarte, disse que, “apesar de presidir a Casa, somos subordinados a um regimento interno, que tem força de lei e a existência da Comissão de Direitos Humanos está prevista. Democracia não significa apenas a eleição de candidatos que exercem as funções públicas. Democracia pressupõe também o respeito ao live funcionamento das instituições. Quem discorda das decisões, em respeito à democracia, pode sim criticar, pode sim recorrer. Mas nunca desrespeitá-las, Nós repudiamos e não amedrontamos diante de ameaças ou ataques. Continuaremos fazendo nosso deve e a Câmara estará aqui pronta para cumprir a Lei”, concluiu.

Vereador Marcelo Yoshida (PT) sobre o assunto :

Nota do Mandato DiverCidade em relação aos ataques contra a criação da Comissão Permanente Especial de Defesa dos Direitos Humanos

O Mandato DiverCidade tomou conhecimento de um áudio endereçado ao senhor vereador Franklin, presidente da Câmara Municipal de Valinhos, cujo tema é a composição da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos.

Primeiramente vale ressaltar que o áudio está correto em alguns sentidos: “nunca teve Direitos Humanos em Valinhos”, “Valinhos é uma cidade conservadora”, “PT não tem conservadorismo”.

Também ressaltamos de princípio que é a primeira vez que essa comissão é composta na Câmara de Vereadores de Valinhos. O regimento prevê essa comissão desde 2011 e nunca teve iniciativa de vereadores para que fosse colocada em atividade. Nós, do Mandato DiverCidade convidamos alguns vereadores e uma vereadora para que pudéssemos, juntos, ativar essa comissão. O papel do presidente é o de acatar essa decisão dos demais colegas de câmara que foi materializada em ofícios e, por fim, o ato de composição da referida comissão.

Aproveitamos o espaço para agradecer o presidente Franklin pelo cumprimento do regimento interno, assim como os demais vereadores e vereadora que estão conosco nessa empreitada: Alécio Cau, César Rocha, Henrique Conti, Mônica Morandi.

O áudio em questão desnuda o valinhense. Desnuda do seu falso moralismo, do seu suposto acolhimento, da sua suposta pacificidade. “A guerra está travada” diz a senhora. A quem interessa a luta contra os Direitos Humanos?

Sabemos, no entanto que muito do que pensam os valinhenses vem sendo construído há algum tempo por meio de fake News e desinformação. Esta parcela, se aberta ao diálogo, pode desconstruir essa visão negativa sobre o assunto que, diga-se de passagem, não ficou evidente: “sabe o que vai virar os estudos e quem tem criança pequena”. O que virá? O que será estudado? O que acontecerá com quem tem crianças pequenas?

A outra parcela se agarra desesperada e raivosamente no bolsonarismo. Sabemos que o atual governo federal chegou ao poder com uma plataforma eleitoral de ódio onde atacava justamente os Direitos Humanos, afirmando que vivíamos numa chamada ditadura do politicamente correto graças justamente a essa defesa dos direitos humanos pelo Partido dos Trabalhadores.

Se isso realmente fosse verdade, nessa tal ditadura dos Direitos Humanos não teríamos feminicídio nem qualquer tipo de violência contra as mulheres; não teríamos negros recebendo um salário inferior ao dos brancos, nem sendo a grande maioria dos mortos pela violência policial; não teríamos LGBTQIA+ excluídos dos mesmos direitos que o dos heterossexuais como simplesmente serem respeitados por sua orientação sexual, por exemplo. Se realmente vivíamos na tal ditadura do politicamente correto, haveria igualdade na diversidade, que é uma das premissas fundamentais dos Direitos Humanos.

A pluralidade política é essencial na Democracia, mas desde que se dê no campo do embate político e ideológico da disputa de ideias, e não na ofensa, ameaça ou qualquer outro tipo de atitude truculenta que só cabe em ambientes ditatoriais, seja ela da extrema direita ou da extrema esquerda, que nada de bom acrescenta à comunidade e ao nosso convívio político e social.

Por fim a autora do áudio termina com: “daqui 4 anos todos vão lembrar do que aconteceu”. Discordamos. Queremos que isso seja um marco na história da cidade e trabalharemos para isso. Queremos que isso seja lembrado como um ponto de inflexão, um ponto de mudança da história dessa cidade que é sim contrária aos Direitos Humanos, seja pelo desconhecimento, seja pela reprodução de fake News, do racismo, do machismo, da LGBTQIA+fobia e das demais opressões.

A você, apoiador, dos Direitos Humanos: estamos juntos, caminharemos juntos! Levantamos com orgulho essa bandeira! A primavera vai chegar e primeira flor já brotou.

Valinhos, 20 de fevereiro de 2021

Mandato DiverCidade – PT Valinhos

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