Falta de remédios, dívidas astronômicas, funcionalismo descontente, fechamento de unidades de saúde, corte de transporte de estudantes. A que ponto chegamos?
De olho nas eleições de 2016, revistas, jornais e noticiários de rádio e TV, muitas vezes patrocinados por empreendedores imobiliários ou por prestadores de serviços contratados pelas prefeituras, deram destaque a prefeitos de vários municípios, de diversos partidos.
Estas publicações, no entanto, escamotearam o quanto puderam a real situação das cidades administradas (ou seria desgovernadas?) por eles.
Paraísos desenhados pelas letras garrafais, fotos de página inteira e reportagens ufanistas de rádio e TV transformaram-se na realidade infernal da situação atual, beirando o caos nas finanças públicas e nos serviços essenciais prestados à população.
Valinhos como exemplo de administração na Revista dos Prefeitos
“Cresce de forma especial”, dizia a Revista dos Prefeitos, enquanto na vida real empresas iniciavam o processo de fuga da cidade.
“Valinhos, exemplo de sucesso na administração”, sem nenhum pudor, garantia a publicação. Enquanto isto, centenas de comissionados se amontoavam nos corredores da Prefeitura, o pai de um deputado era contratado para ser o Secretário de Arquivo, a dívida atingia os R$ 450 milhões, as contas deixavam de ser pagas, o transporte dos universitários sofria cortes, buracos surgiam incontáveis nas vias públicas, a UPA e a Santa Casa caminhavam para uma situação caótica…

Vinhedo número um na qualidade de vida ?
Lista e ranking de municípios se espalharam como notícias espetaculares: Vinhedo é número um na qualidade de vida. O melhor lugar para os idosos viverem.
A semana que passou no entanto, entra para a história da antiga Rocinha como trágica: ameaça de fechamento da UPA, suspensão de atendimentos de saúde e redução de médicos, corte de incentivos aos esportes, anúncio da interrupção de fornecimento de transporte aos estudantes a partir de 2018.

Perspectivas de desesperança
Mesmo encarando olho no olho esta realidade desconexa, os novos governantes parece que não se motivaram a promover as mudanças necessárias.
Chefes do executivo isolam-se nos seus gabinetes, distanciam-se dos cidadãos e cidadãs e demonstram incapacidade de se revestirem da condição de estadistas, exigência necessária para se enfrentar a grave crise pela qual todos passamos.
Nas câmaras de vereadores, parlamentares e assessores aos montes dão trombadas num sem fim de propostas inúteis e moções sem noção.
Mas o efeito mais nocivo de tudo isso é o compreensível afastamento da participação política por parte da população.
Compreensível, porém fatal para a vida da cidadania.