
Das colinas, algumas chamuscadas pelas fuligens das reincidentes queimadas e pelos restos carbonizados de árvores e animais, silenciados após o último grito de agonia, nos observam as memórias dos que fizeram a nossa história.
Dos valinhos, as mãos calejadas dos italianos, japoneses e dos negros, excluídos da branca estátua da Avenida dos Imigrantes, nos cobram a responsabilidade pela preservação do futuro.
Trabalhadores rescindidos das indústrias abandonadas e demolidas juntam-se aos plantadores de frutas, todos tratorados pela volúpia multiplicadora de edifícios que secam lagoas, sufocam nascentes, queimam árvores e lavouras.
Quem nos vê das colinas e dos valinhos quer saber o que fizemos da terra que habitamos. Com que futuro presentearemos os nossos filhos e netos. Qual o preço aceitamos pagar pelas opções políticas e sociais conservadoras, provincianas. Quão criminosa é a nossa omissão no cuidado com a cidade.
O que faremos sem água?


