Prestes a completar 90 anos de vida e 65 anos de união, o casal quer expandir a produção e deixar um legado do Sertão cearense Foto: Acervo familiar

Doce de figo desidratado já é comercializado em Minas e São Paulo. A meta é exportar para a Europa

Imigrantes do Japão há mais de meio século, Takeo e sua esposa, Nobue, foram morar em Tabauté (SP) no movimento de emigração em seu País de origem iniciado após a rendição para os EUA na Segunda Guerra Mundial. Ao chegarem à cidade paulista no ano de 1956, se estabeleceram em fazendas da região e por lá ficaram por mais de seis décadas. A atividade na agricultura, ao passar dos anos, trouxe prosperidade.

O campo rendeu frutos que foram além da garantia de estabilidade financeira para o casal. Foi de lá que surgiu o sonho de produzir figo – “fruta” nativa do Oriente Médio. O objetivo, no entanto, não era cultivá-lo no sudeste, mas sim no sertão cearense. Esse desejo, com contornos de obsessão, tem uma razão de existir. Os oito filhos do casal contam que os pais sempre foram “muito gratos ao Brasil” e queriam retribuir essa “acolhida”.

Os dois se conheceram quando se preparavam para imigrar ao Brasil. O casamento aconteceu em solo brasileiro. Foto: Acervo familiar

O cuidado ao qual se refere rendeu bons resultados. Neste ano, a propriedade do casal de japoneses atingiu a marca de 15 mil pés de figo. O solo arenoso com vegetação rasteira, cedeu lugar as fileiras do plantio. A paisagem do Sertão se modificou, assim como a realidade de alguns nativos.

Hoje Takeo e Nobue geram emprego à comunidade e, em 2022, esperam expandir esses postos de trabalho. “A meta é chegar a 45 mil pés”, revela Fernando. Expandir a produção, no entanto, não é a única meta do casal. Cristina confidencia que os pais já traçaram os caminhos que querem seguir em Tabuleiro do Norte. 

“Minha mãe visualiza a criação de uma pequena escola para as crianças da região. Já meu pai, quer servir de exemplo para que venham outros empreendedores e unam forças para montarem uma cooperativa de modo a atraírem investimentos e transformarem a região num grande polo de produção de figos e frutas para exportação. Eles sempre reforçam o desejo de retribuir tudo que receberam do Brasil. Querem deixar um legado e ajudar no desenvolvimento da região onde escolheram morar”.

COMERCIALIZAÇÃO 

A plantação já rendeu as primeiras colheitas. Fernando Yutaka desenvolveu uma espécie de doce de figo desidratado que está sendo comercializado em Minas Gerais e São Paulo. “Vamos montar neste ano um grande galpão, com placas de energia solar, para processarmos os figos in natura. O objetivo é montar uma agroindústria para fazermos doces e outros produtos de figos”, revela.

Doce de figo desidratado já é comercializado em Minas e São Paulo
Foto: Acervo familiar

A meta é exportar o figo para o mercado europeu, onde há ampla demanda.

Neste ano, os produtores enfrentaram o primeiro grande desafio desta saga no Sertão. “Uma praga atacou o plantio e não estamos sabendo como controlar. Não usamos nenhum tipo de pesticida, então isso tem dificultado. Já pesquisamos bastante, mas ainda não achamos uma solução”, detalha Yutaka.

Veja reportagem completa do jornal Diário do Nordeste aqui.

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